domingo, 14 de junho de 2009

Arte-Imago-Terapia


A Arteterapia utiliza a imagem como o fio condutor do processo terapêutico. Segundo a Psicologia Analítica elaborada por Carl Gustav Jung, cada sujeito é composto de múltiplas imagens: psíquicas, oníricas, do discurso, metafóricas, corporais, culturais, mitológicas, etc. Toda esta pluralidade psíquica tende a se organizar conforme estruturas míticas. Os sonhos, por exemplo, nos revelam enredos com imagens. Na Arteterapia a imagem ganha prioridade, pois ela possibilita o surgimento de novos enredos psíquicos e de imaginação. A clínica terapêutica utiliza-se diversos materiais que favorecem uma ordenação materializada das imagens. A caixa de areia, os lápis coloridos e o teatro, dentre outras técnicas de expressão, possibilitam uma abertura para a multiplicidade psíquica. Esta multiplicidade é composta de inúmeras imagens que se encontram no inconsciente e na consciência, no individuo e na coletividade. A criação de histórias pode trazer à consciência uma série de novos fatores emocionais, que colaboram com o sujeito em terapia e suas relações no mundo. A imagem se torna uma instancia de abertura para a renovação psíquica e o fio condutor do processo terapêutico. Podemos chamar este tipo de abordagem de “Clínica Ético-Estético-Política”, a ética seria uma abertura para o que é diferente do ego, uma nova forma de se relacionar com imagens. A estética se refere a uma clínica em que a criação, a criatividade e a imaginação estão presentes. E a política está ligada a uma ação singular que valoriza a pluralidade e por isso se torna uma resistência positiva em relação aos modos reducionistas e lineares que socialmente tem se estabelecido. Uma “Clínica Ético-Estético-Política” nos remete ao ato de se relacionar com imagens de um modo mais livre, criativo e inseparável da experiência terapêutica.


Anita Rink

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